sexta-feira, 19 de março de 2010

Dautônico enxerga só preto de branco? Ele pode dirigir?


O dia a dia de um daltônico no trânsito está longe de ser um caos cheio de obstáculos em preto e branco. O que poucos sabem é que quem sofre dessa disfunção — que provoca dificuldade na diferenciação de cores — pode enxergar obstáculos melhor do que uma pessoa sem problemas de visão. Isso porque os daltônicos aprendem a codificar as cores por meio de associações, já que nasceram assim. Por isso, o que realmente prejudica essas pessoas é a falta de padronização de semáforos, placas e do exame para tirar ou renovar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Eles também podem diferenciar cores que parecem iguais para o olho normal. De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, perito em medicina do tráfego e membro da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), tal característica garante maior reflexo para desviar de obstáculos com antecipação, o que evita acidente. “A primeira coisa é acabar com o conceito de que daltônico enxerga em preto e branco”, observa o especialista.
De acordo com o oftalmologista, hoje 15 milhões de brasileiros, na proporção de 20 homens para cada mulher, têm alteração congênita nos cones, as células da retina que permitem distinguir as cores. Segundo ele, estudos mostram que 75% dos daltônicos têm dificuldade para enxergar a cor verde (deuteranopia), 24% a cor vermelha (protanopia) e 1% a cor azul (tritanopia). O daltonismo também é chamado de discromatopsia ou discromopsia.
Como o daltônico trabalha com associação do nome da cor à tonalidade e contraste que vê, ele está apto a dirigir. “Pela resolução 80/98 do Código de Transito Brasileiro, ele precisa apenas saber reconhecer as cores vermelha, amarela e verde. E isso ele vai saber fazer, porque aprendeu a relacionar o nome com o tom que enxerga”, argumenta Queiroz Neto. “A única dificuldade que ele realmente têm é na hora de combinar as cores das peças de roupa na hora de se vestir”, diz.
No entanto, o médico explica que em muitos testes para tirar ou renovar a CNH as pessoas com a disfunção são reprovadas devido à metodologia utilizada. “O problema é que muitos candidatos à habilitação são submetidos ao teste de Ishihara, que serve para distinguir se a pessoa é ou não daltônica, e que tipo de daltonismo tem”, explica o especialista. O teste de Ishihara é formado por círculos coloridos com pontos em verde e laranja que formam números, letras ou desenhos. Os daltônicos não conseguem enxergar essas imagens. “O teste de visão de cores com luzes ou cartões coloridos já é suficiente para tirar a habilitação”, afirma.
Outro problema que os daltônicos enfrentam é a falta de padrão de semáforos e placas de uma cidade para outra. Para os daltônicos, o contraste é essencial para melhorar a visibilidade no trânsito. Placas com letras amarelas sobre verde e azul, comuns em pequenas cidades, se tornam invisíveis para daltônicos. As placas de obras, com fundo laranja e letras em preto também dificultam a identificação. “Para ajudar, a sinalização viária deveria ser feita com materiais reflexivos, que melhoram a visão noturna, e nas cores estabelecidas pela lei”, destaca o médico.

terça-feira, 16 de março de 2010

Santa Catarina estuda desenvolvimento de simulador de trânsito!
UFSC faz testes para o Denatran com equipamentos que vão aprimorar o treinamento
de motoristas.

Em um futuro próximo, os motoristas brasileiros deverão treinar em simuladores de trânsito antes de pegar a estrada pela primeira vez. Em maio, entrarão em fase de testes três tipos de equipamento, com diferentes graus de sofisticação, por meio de um convênio entre o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Um relatório sobre a eficácia de cada modelo deverá ser apresentado ao governo até julho para orientar a implantação da novidade nas autoescolas do país.
Desde 1998, a legislação de trânsito brasileira prevê a utilização de simuladores em Centros de Formação de Condutores (CFCs) para facilitar a formação dos futuros motoristas.
Agora, a iniciativa começa a acelerar. No início do ano, o governo encomendou à UFSC um estudo a fim de estabelecer parâmetros para a instalação do serviço nos CFCs.
– Estamos estudando a legislação, entrando em contato com fabricantes e montando os equipamentos para iniciarmos a fase de testes – afirma Carlos Alberto Schneider, diretor do Centro de Mecatrônica da Fundação Certi, órgão de pesquisas em novas tecnologias ligado à UFSC.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Após lei seca, testes de bafômetro sobem 13.000% em SP

A operação Direção Segura, da Polícia Militar, realizou 173.781 testes de bafômetro nos motoristas da cidade de São Paulo entre abril de 2007 e fevereiro de 2010. Destes, 4,88% estavam com concentração de álcool no sangue suficiente para configurar infração ou crime de trânsito.
Ao todo, 7.256 pessoas foram autuadas por infração ao artigo 165 do Código de Trânsito Brasileiro (dirigir sob a influência de álcool) e 1.224 foram presas pelo crime previsto no artigo 306 (dirigir com mais de seis decigramas de álcool por litro de sangue).
Apesar de ter começado em 2007, a operação ganhou força somente após a aprovação da lei seca, em junho de 2008. Antes da lei, o crime de trânsito só existia se o motorista embriagado expusesse outra pessoa a dano potencial.
Além disso, a fiscalização em São Paulo foi estendida para todos os batalhões --até abril de 2009 somente o 34º Batalhão cuidava do assunto. E o número de bafômetros aumentou de 14, no começo, para os atuais 160.
Na comparação entre janeiro e fevereiro de 2008 com o mesmo período deste ano, o número de motoristas submetidos ao teste do bafômetro subiu 13.928,23%. Já as infrações e crimes subiram 4.896,55%, segundo dados da PM --os números refletem também o aumento no número de equipamentos em uso.

Jan./Fev. 2008 Jan./Fev. 2010 Variação
Testes de bafômetro 340 47.696 13.928%
Positivos 8,53% 3,04% -64%
Infrações (artigo 165 do CTB) 29 1.284 4,896%
Crimes (artigo 306 do CTB) 0 165

"O bafômetro hoje é como o banco da viatura, já faz parte dela. Quem é mais velho pode não ver porque não está na balada à noite, mas quem tem 20, 30 anos sabe que os bloqueios já fazem parte da rotina de São Paulo", afirma o capitão Sérgio Marques.
A polícia não faz um levantamento específico com o número de acidentes durante a operação. Nas estatísticas da Polícia Civil, porém, o número de mortos e feridos no trânsito não teve alteração tão significativa na capital. Nos primeiros três meses de 2008 foram registrados 172 homicídios e 6.808 lesões corporais culposas em acidentes. Em 2009, os homicídios foram praticamente iguais (171), e as lesões caíram 16% (5.713). Os dados de 2010 serão divulgados somente após o fim de março.

1º trimestre 2008 1º trimestre 2009 Variação
Homicídio culposo no trânsito
172 171 -0,58%
Lesão corporal culposa no trânsito
6.808 5.713 -16%
Fonte: Secretaria da Segurança Pública

De acordo com Marques, a meta da PM é chegar ao número de 200 mil motoristas submetidos ao bafômetro em abril deste ano, quando a operação completa três anos. Até o fim do ano, a polícia espera que o índice de pessoas embriagadas se estabilize em 2,5% dos abordados, o que indicaria alto grau de conscientização dos motoristas.
De acordo com Marques, apenas 1.139 pessoas abordadas se recusaram a fazer o teste desde o início da operação --menos de 1% do total.